domingo, 31 de janeiro de 2010

Aos ipês floridos no caos

Hoje me agride o lirismo ufanista
me cansei de flores coloridas e perfeição
quero a falha
lamber o sangue e as feridas

Hoje o que me faz poesia
é o calor subindo do asfalto
a explosão dentro do grito
real, cru e seco

Hoje o humano me tocano
cerne e na carne,
quase sempre quente,
no olho violentado
da imundície do crepúsculo

Hoje, no desafio da lógica,
fazer do concreto música e poesia,
só me cansa o lirismo do impossível
literatura de beira de abismo
amor invisível ao chão

Laís Romero

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