quinta-feira, 8 de julho de 2010

GAUCHE

Penso em Drummond sempre à mesma hora: quando as coisas do dia-a-dia assombram, e isso sempre acontece ao final da tarde, quando há somente a lucidez vencida de um dia a mais de lida... Penso em Drummond porque os meus ombros já não suportam o mundo nem minha alma respinga de restos de mar e alcatrão... Quando me afoga a própria saliva, e sabendo que há levantes de poetas e profetas, fica o chão de minha vida calcinado de pó e aluvião... Drummond só teve como sorte a cabeça cheia de espasmos, porque desde menino, lá em Itabira, costumava provocar incêndios e ataques suicidas, tendo sido responsabilizado, inclusive, pelo incêndio que devastou Roma, a cidade celeste...


Francisco Denis Melo (colaborador, Sobral-CE)