terça-feira, 28 de setembro de 2010

Elio Ferreira ---- O Poeta Canibal

Entrevista concedida a Demetrios Galvão e Thiago E


1- Elio, como a poesia começou a se manifestar no teu corpo? Relata tua iniciação.

Não sei muito bem, quando a poesia começou de verdade. A gente nunca sabe de fato quando ela, a poesia, acontece na nossa vida ou se a gente já nasce com ela ou se alguma coisa fez com que a poesia acontecesse. Sei que dei por mim me sentindo fascinado, encantado e mesmo sentido medo das histórias de “assombrações dos contos orais e narrativas maravilhosas que me contaram na minha infância.

Lembro que quando tinha talvez oito anos escrevia alguma coisa parecido com poema, que lembro até hoje, a partir de uma figurinha de chiclete:

Tucano, tucano
tu ingole um homem?
Ingulo, ingulo até você,
quando você quiser morrer
pode vir,
pode vir,
onde estou eu...

Estranho, não? Quando era menino, eu gostava de ler poesia balançando a rede com uma das minhas irmãs. Depois comecei a recitar poesia na escola, na sala de aula. Aos 17 comecei a recitar meus próprios poemas nos eventos da escola. Aos 18, comecei a publicá-los num jornal semanário de Floriano – Piauí, minha cidade natal.

2- Desse teu início, o que ainda contribui na construção da tua escrita? De onde vem o teu impulso pra escrever?

Desde que publiquei o Canto sem viola, em 1983, eu já me tornara um poeta que escrevia poemas narrativos longos e de memórias da infância. Tinha aquela vontade de perpetuar as pessoas simples, as pessoas comuns da minha infância. Também escrevia sobre meu presente, as minhas experiências pessoais, poesias sociais, poesias eróticas, etc. Acho que o primeiro livro é o prelúdio de muita coisa que a gente faz e como faz nos livros seguintes.

Não sei muito bem de onde vem o impulso. Sei que vem. Antes escrevia até tarde da noite. Virava a noite. Agora escrevo mais poesia de manhã, cedinho.

3- Dos teus livros, o que mais vemos reverberar é O Contra-lei. Em que ocasião tu o escreveu? E em que medida a situação cultural e política que te circundava motivou a feitura dos textos?

O Contra-lei foi publicado em duas edições. A primeira é de 1994, é a reunião de três livros: o poemartelos, o contra-lei e outros metais; a segunda é de 1997, quando acrescentei mais um livro, um quarto livro: Eldorado dos Carajás.

Este livro foi escrito entre 1990 a 1994, quando comecei a fazer minhas performances de rua com a cara pintada, a capa preta, o parangolé da bandeira do Brasil e o megafone pelas ruas de Teresina. Foi na época do governo Collor de Melo, das manifestações de rua, da crise política brasileira; da Guerra do Kuaite, etc. Vivi intensamente todos esses momentos políticos e sociais. Falava poesia na manifestações de rua. Falava poesia com megafone nos pontos estratégicos de Teresina, nas universidades, escolas, praças, bares. Viajei por outras cidades do Piauí e do Brasil, como Brasília, Campo Grande, Fortaleza, Aracaju, São Luís, Floriano, Caxias, etc.

Nesta época me sentia meio sufocado. Escrevia compulsivamente, queria falar meus poemas, mudar o mundo, interferir no mundo. Havia na época havia um baixo astral de extermínio dos meninos de rua pela polícia. Daí foi que veio “Abracadabra” um dos poema que mexia muito com as pessoas; teve o “canibal”; “o contra-lei III;. Na época fiz camisas com poemas, que tiveram uma boa recepção.

O contra-lei foi um poema do aqui-e-agora. Um poema muito próximo da música, de linguagem simples, que agradava e ainda agrada as crianças e os jovens e assustava os adultos.

Muitos dos poemas do Contra-lei foram musicados, quando montei uma banda, primeiro de pop rock e depois de hip hop, esta com o cantor Gomes Brasil, com este nos anos 1995 a 1998.

4- Que impacto as performances do O Contra Lei causou, tendo em vista que tu saia pela cidade com a cara pintada, de capa e megafone...? Berrando uma poesia que não se prendia ao livro e nem a um palco fixo, como as pessoas reagiam?

Quando escrevi O contra-lei, pensei numa forma de dar uma sacudida nas pessoas. Naquele momento me sentia um cavalo. Pintava a cara e aquilo me dava uma força muito grande, era como se eu me sentisse uma antena do mundo falando de energia solar, abominando a corrupção política do Brasil e a violência policial contra as crianças de rua e extraterrestres que pousavam numa nave movida a energia solar pra salvar as crianças perseguida por grupos de extermínio. Foi um momento muito intenso. Algo inexplicável de performances radicais. Alguma coisa de estranho me movia numa velocidade Eu acho que eu estava caminhando para o fim. Não sei...

As pessoas interagiam com as performances. Eu improvisava na hora a partir dos poemas já elaborados. Algumas se sentiam ameaçadas ou agredidas. Chamavam a polícia o caso de uma escola de religiosos do centro de Teresina, quando no roteiro de performances para a fotografia do livro, passei pela Av. Frei Serafim falando poesia no megafone e parei defronte prédios históricos. Houve circunstância em que fui ameaçado de agressão e prometi reagir à agressão. Felizmente ficou apenas na ameaça.

O fato é que a maioria das pessoas gostavam, interagiam, participavam, se identificavam com meus poemas. Eu também falava poema nas rádios, na TV, nos bares, teatros, universidades, estação de metrôs, rodoviária, parques de diversão, igrejas, etc..

5- E como foi a repercussão do O Contra Lei? Faz um paralelo de como ele foi recebido pelo público e por outros poetas...

Fiquei surpreendido com toda repercussão. Eu não tinha idéia de que era capaz a poesia. Levei muitas vaias. Mas fui mais aplaudido do que vaiado. Em Fortaleza, no Bar Woodstock levei uma grande vaia com declamei o poema “O contra-lei falando sobre Deus”; em Caxias, numa festa de forró, também levamos e minha banda de pop a maior vaia quando falei “O contra-lei falando dos políticos, generais...”, conhecida com “O canibal”. Por três vezes, em Brasília e Teresina, uns policiais tentaram me coibir, mas consegui apaziguar a situação.

Quanto aos poetas para mim foi um enigma, mas os poetas, em geral, são muitos solidários uns com os outros. Acho isso muito legal. Talvez porque não somos e tampouco jamais seremos uma espécie em extinção.

O fato é que fazer uma poesia que servisse pra tudo inclusive pra dançar, pra protestar, pra identidade, pra devaneio, pra assunção da minha origem negra, invocar os meus ancestrais, etc. Não sei bem o limite ou deslimite da poesia.

6- Quais os autores de tua preferência? Aqueles usados pra construir teu universo poético.

Foram muitos. Li uma porrada que nem gosto de citar. Fui um leitor compulsivo de poesia. Li os clássicos e meus contemporâneos. Não tenho restrições, quando se trata de poesia. Mas hoje quero me reencontrar com as minhas origens negra e popular, com as narrativas e canções da minha infância. Quando atingir isso plenamente, acho que voltei a mim mesmo, à casa da poesia, à casa dos meus pais, à minha rua, ao meu bairro, à sabedoria do povo e da minha casa, etc.

7- Elio, como tu pensa tua poesia: marginal? étnica? contemporânea? ...ou marcaria aquela última classificação “outros”? Pra ti, essas classificações fazem sentido?

Tudo faz sentido neste mundo, nesta vida. Um poeta precisa andar por vários caminhos. Acreditar na sua poesia, acreditar na sua geração. Pensar que sua poesia é capaz de mudar o mundo, pelo menos enquanto se é jovem. Gostaria de ser sempre esta coisa de ser jovem e antigo. É legal este diálogo. Esta doideira. Sou um capoeirista. Sou graduado do Abadá-Capoeira. Um corda azul. E isso deu um grau a poesia e mais coragem e determinação pra enfrentar a rua e está disposto a testar meus limites e saber dos meus limites. Tudo na poesia é válido, menos morrer pela poesia ou por qualquer outra coisa.

8- Por falar em classificação, diz uma coisa: quais características tu percebe que atravessam a poesia dos autores negros? Em que sentido podemos falar em “poesia negra”?

Esta poesia negra é o grande lance. Mas cada poeta é cada poeta. Esta poesia negra faz a gente descer dentro da gente mesmo, da nossa família, do nosso passado, da nossa infância e nossos parentes, da nossa história, do nosso tempo, da nossa casa, daquela coisa que estava pra desaparecer e a gente entra dentro dela de maneira mais pelas entranhas, mais humanizado, se auto-reconhecendo nas pessoas e nas coisas simples da vida. É um redescobrir da vida e da gente mesmo.

A poesia negra é algo que já estava muito dentro de mim. Do ponto de vista estético, O contra-lei e o Poemartelos têm muito de poesia negra, sobretudo da poesia buscando a música e das narrativas orais, da evocação dos Orixás, sobretudo de Oguem e das vozes das pessoas negras da minha infância, da memória dos meus parentes que cruzam e entrecruzam os versos dos meus poemas.

De modo específico, América Negra seria o livro de poemas negros ou afro-brasileiros de modo mais específico, por tratar de temáticas relacionadas à história, à memória, às utopias, à condição humana dos afrodescendentes. São poemas classificados como afrodescendntes pela crítica dos leitores e críticos dos Cadernos Negros, este principal veículo de editoração e divulgação da Literatura Afro-Brasileira hoje.

9- Qual tua relação com o movimento negro? Como avalia as ações do movimento aqui em Teresina?

Comecei minha militância no Movimento Negro Unificado em 1984, em Brasília. Hoje tenho sido convidado para participar de eventos culturais nacionais e internacionais em cidades como São Paulo, Salvador, Recife, etc. Mas minha maior ligação hoje é com a literatura e a pesquisa literária através de palestras, conferência, organização, coordenação de eventos, publicação de artigos em revistas acadêmicas sobre literatura afrodescendente, publicação de poemas nos Cadernos Negros, além de orientações de pesquisas para alunos de graduação e mestrado na UESPI e na UFPI, como também projetos de pesquisa de literatura e culturas negras.

10 - Elio, o que tem a dizer sobre as cotas para negros nas universidades?

Isto é uma questão de humanidade, de reconhecimento da dívida histórica que o Brasil tem para com os descendentes de africanos ou negros brasileiros. Nada mais é irracional do que negar esta obrigação. Sou a favor. Inclusive faço parte da Comissão da UESPI que instituiu cotas para negros nessa Universidade. Escrevi um dos textos que deu sustentação à aprovação de 15% dos 30% de cotas para a escola pública.Quebrei o pau. Felizmente os representantes do Legislativo do Piauí foram a favor. Isso foi um grande avanço, embora poucas pessoas do Piauí se toquem para isso.

11- Falam muito sobre a Roda de Poesia e Tambores: o começo, as dificuldades, que momento te marcou positivamente...

Quando vi aquela molecada falando poesia. Escrevendo cada dia, cada roda de poesia novos poemas para participar dos concursos de poesia falada e escrita... Aquele entusiasmo da nova geração de poetas se encontrando com gerações posteriores, acadêmicos. Quando vi surgir novos poetas que aprendiam com os mais experientes e esses jovens criando uma atmosfera de ânimo e criatividade aos veteranos. O contato dos jovens com os mais experientes foi muito salutar. Senti que dali, na Roda de Poesia & Tambores, iria surgir muita gente boa, que iria fortalecer a poesia do Piauí e fortalecer a poesia, cria novas perspectivas na poesia de hoje. Estávamos fomentando a criação de outros grupos, de músicos-poetas que formaram ou passaram a integrar bandas de música pop, etc.

12- Na tua opinião, que ressonâncias a Roda de Poesia e Tambores produz no cenário cultural daqui? Isso porque com a criação da Roda, a poesia passou a ocupar, em Teresina, um espaço público e aberto a todos aqueles que queiram falar e divulgar sua poesia. Como tu percebe a aproximação dos poetas, “novos” e “antigos”, a partir desse evento mensal que é ponto de encontro da poesia em nossa cidade?

Antes de tudo, precisamos retomar e continuar incentivando os poetas jovens e fomentando esse diálogo entre diferentes gerações. Os dois ganham muito com isso. Acho que as coisas nunca estão acabadas ou perfeitas, que é sempre possível ou necessário recomeçar. Refazer caminhos, fazer travessias, ultrapassar fronteiras. Penso que tudo está por fazer, pelo meio do caminho. Isso me tortura muito. É preciso que surjam novas pessoas pra dar continuidade a projetos como esse. Inclusive vocês estão fazendo isso. Vocês da Tarja. É isso mesmo. É preciso que a rapaziada nova e os veteranos estejam juntos para um aprender com o outro. A poesia é um aprender constante. Um renovar sem rumos, um revitalizar de corações e de olhares para o mundo e para dentro da gente mesmo. O Piauí é um Estado pobre e tornará tanto mais pobre à medida em que não der importância a seus escritores, poetas e artistas. Do ponto de vista da valoração da cultura literária dos jovens, sobretudo em relação às políticas públicas, o Piauí é uma pobreza sem fim, de descaso à política cultural voltada para os jovens. Já disse isso muitas vezes. Já estou de saco-cheio com isso. Quando chega nesta época da politicagem, desta sujeira que virou profissão, tudo deixa de existir. Não quero dizer que todos políticos sejam corruptos. Não bem isso. Mas a grande maioria está mais afim de se dá bem juntamente com os familiares, parentes. Parece que estamos descendo para um lugar chamado - o fogo dos infernos. Os recursos dos projetos já aprovados são amarrados e somos impedidos de honrar os nossos compromissos.

Por falar em ressonâncias, a Roda de Poesia & Tambores completa dez anos em outubro e lançaremos a Revista Literária da RODA DE POESIA & TAMBORES, Nº 2, em dezembro próximo.
Revista literária Roda de Poesia e Tambores nº 1

13 - Voltando à tua poesia: em entrevista à revista Amálgama, em 2002, tu disse “eu gostava de escrever ouvindo blues, jazz, música popular brasileira... música de vários tipos”. Ainda é assim? Tem algum caso em que algo da música que ouviu foi aproveitado na tua escrita? Cita alguns casos específicos.

Gosto de escrever ouvindo música sobretudo jazz. Este reencontro com a música e as narrativas orais me reaproxima dos meus ancestrais negros, da minha infância, quando meu pai contava histórias pra mim, minhas tias me embalavam cantando canções de tempos imemoráveis, quando ouvia os contos maravilhosos contados por pessoas mais velhas na porta da minha casa, na Rua do Ouro, em Floriano, nas noites de lua ou nas noites escuras, sentados na calçada da minha casa. Eu sempre fui obcecado por essas narrativas e mais tarde, na adolescência, na juventude e até hoje esta minha obsessão foi transferida para os livros.

14- O que dizem a teu respeito que te deixa chateado?

Sabe, eu nem sei ou nunca me preocupei com o que dizem de mi. Nesse sentido, sou meio distraído.

15- Elio, tu já cometeu algum pecado cultural?

Eu acho que não, porque não sei que pecado é esse. Não entendo dessas coisas. Não acredito em pecados. De pecado só ouvi falar dos Sete pecados capitais.

16- E ainda no âmbito da cultura: que mentira tu gostaria que fosse verdade?

Que toda pessoa pudesse comprar livros e todos poetas pudessem publicar seus livros na hora que lhe desse na teia.
AXÉ! Um beijão e muita poesia para todos!
Pra vocês da Tarja.

sábado, 25 de setembro de 2010

9ª Poesia Tarja Preta

--> exposição fotográfica = Alexander Galvão
--> vídeo/documentário = Palavra (En)cantada

Documentário - Palavra (En)cantada

Palavra (En)cantada, documentário dirigido por Helena Solberg,
discute a relação entre música e poesia no Brasil


Em um país com uma forte cultura oral como o Brasil, a música popular pode ser a grande ponte para a poesia e a literatura. O interesse em promover o debate e a reflexão sobre esse tema foi o ponto departida do novo filme de Helena Solberg: o documentário Palavra (En)cantada. Dois anos depois de muita pesquisa e a filmagem de entrevistas em maio e junho de 2007, o longa chega aos cinemas em março de 2009.

O filme conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. A maioria das entrevistas foi feita em casa e alguns deles cantaram e tocaram canções especialmente para o documentário, fato que realça a atmosfera intimista do longa-metragem.

Depoimentos surpreendentes e belo repertório - O roteiro do Palavra (En)cantada tem sua narrativa construída na costura de depoimentos, performances musicais e bela trilha sonora. A abertura do filme é surpreendente, com Adriana Calcanhotto cantando, em franco-provençal, versos de Arnaut Daniel, poeta provençal do século XII, considerado um dos maiores da história, um artesão da integração entre palavra e som.

A partir da idéia sugerida por Lenine, de que os compositores brasileiros são descendentes diretos do trovador, o filme lança olhar sob diversos aspectos da formação cultural brasileira. Dos intérpretes que declamam poesia nos palcos aos cantadores nordestinos que improvisam diversos gêneros na viola, passando pelo Rap que, segundo o rapper Ferréz, “é uma mera continuação do cordel”, Palavra (En)cantada é uma reflexão sobre a tradição oral e a diversidade cultural brasileira, resultado do cruzamento entre as culturas erudita e popular.

´Criou-se no Brasil uma situação que não existe em nenhum outro país: uma canção popular fortíssima, que ganhou uma capacidade de falar e cantar para auditórios imensos, e levar para esses auditórios poesia de densa qualidade, com a leveza que a canção tem´, observa no filme o músico e professor de literatura da USP, José Miguel Wisnik.

Poetas-letristas, autores de livros que tornaram-se compositores, poetas que tentam usar a música para ganhar mais dinheiro, poetas do morro, tudo isso é assunto do Palavra (En)cantada. O filme é costurado por passagens instigantes, como a declarada rejeição de Chico Buarque ao título de poeta, e emocionantes, como as imagens captadas de Hilda Hilst pouco antes da sua morte, reclamando que os poetas não são valorizados no Brasil e contando que, para ganhar mais dinheiro, pediu para Zeca Baleiro musicar seus poemas.

“Entrevistar pessoas muito assediadas e que já foram entrevistadas inúmeras vezes é um desafio. Abri o jogo com o Chico (Buarque). Ele riu muito e disse: ´Então pergunta alguma coisa que nunca me perguntaram´. Este foi o meu fio condutor. Queria que os entrevistados sentissem que eu estava ouvindo pela primeira vez o que estavam me contando”, diz Helena Solberg.

Filme é rico em imagens raras – Palavra (En)cantada apresentará imagens inéditas no Brasil, como a encenação de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, no Festival de Teatro Universitário de Nancy, na França, em 1966. Merecem destaque também imagens raras, que foram restauradas pela produção do filme, de Dorival Caymmi, nos anos 40, cantando e tocando O Mar ao violão.

O documentário também resgata um depoimento histórico de Caetano Veloso no Festival da Record, em 1967, logo após cantar Alegria, Alegria. Nele, Caetano fala de sua inspiração ao compor a música e ressalta a liberdade no uso da guitarra na música brasileira: “No Rio de Janeiro, disseram “Caetano vai usar guitarra numa música, quando chegar na Bahia vai tomar uma surra de berimbau”. O que eles não sabiam é que os baianos estão além!”.

Ponto de partida – A idéia do projeto surgiu há mais de três anos. No começo de 2005, Marcio Debellian, autor do argumento do filme, apresentou um projeto à Bienal do Livro para realizar pocketshows de música e poesia durante o evento. O objetivo era mergulhar no universo particular de grandes compositores brasileiros, seus livros e autores preferidos, e como a relação de cada um com a poesia / literatura influenciava o seu processo criativo. O conceito do projeto era trazer música, leitura de poesia e bate-papo para espetáculos pequenos, de atmosfera intimista. Mas acabou crescendo e se transformando em um longa-metragem.

“O mergulho nesta pesquisa trouxe à tona assuntos que iam além do impulso criador de nossos artistas, e que falavam de aspectos significativos da formação cultural brasileira. Achei que o assunto merecia ser documentado”, diz Marcio. Ao final de 2005, Marcio Debellian e a Radiante Filmes, produtora de Helena Solberg e David Meyer, celebraram um acordo para a produção do filme. Um ano depois, haviam viabilizado os recursos para início das filmagens.
(...)

Para ler o release completo - download clicando aqui (pdf 154kb).
Mais informações sobre o documentário é só acessar: http://www.palavraencantada.com.br/

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Igreja Matriz de Campinas do Piauí
Alexander Galvão
Se os cinzeiros falassem
Contariam histórias de bocas esfumaçadas.

Ela mostrou o olho do desejo
E a profundidade de sua vontade.

Os corredores e escadas levam às igrejas do passado
E aos mitos novos forjados na noite
Com o suor e a carne das ruas.
Lugar onde os poetas se perdem
E penhoram o coração.
.
.
Demetrios Galvão
Boi Careta -Povoado Itaperinha - Tutóia - MA
Alexander Galvão

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

9ª Poesia Tarja Preta

– Noite Pablo Neruda –


poesias + sonoridades
+ exposição + vídeos



Dia 30/09 a partir das 20h no Canteiro de Obras
Entrada = R$ 5,00 – grátis um exemplar da Revista Trimera
e o lote IX do zine Academia Onírica


terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Homem Relativo


Talvez a principal característica de Galileu Galilei, fosse o olhar distante e o cinismo. Além de devoto da Santíssima Trindade, membro da Irmandade dos Artistas e Acrobatas da Rainha, da Fundação dos Incendiários do Rei, com curso em distância entre o sol e as estrelas, moderador nas discussões entre os especialistas em torres e pêndulos, membro honorário da Mesa Inquisitorial, tendo inclusive, por dever de ofício, sabatinado El Greco em suas acusações. Mas com tudo isso, suspirava ao ver o por do sol, ao ser iluminado pela lua, a observar a liberdade dos colibris... Ainda assim, com suas negativas, escondia sua formação em heresia, blasfêmia, e palavras obscenas, além de saber (apesar do silêncio cuidadoso) com uma convicção doentia, que a terra era redonda, o sol tinha manchas, as mulheres amavam, os homens duvidavam de suas certezas, a Igreja era feminina de nascença.... Galileu era atabalhoado com as coisas do dia-a-dia, assim, viam-se cálculos, lunetas, filigranas, passagens bíblicas jogadas entre cadeiras e assentos, por isso também lamentava não ter tido tempo para visitar Bruno na prisão, amigo e padrinho de casamento...
.
.
Francisco Denis Melo (colaborador, Sobral-CE)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

comunidade quilombola de Salinas - Campinas do Piauí
Alexander Galvão

Exibição Única


Uma esquina se esquiva
De danos irreversíveis
Se desdobra em mil artes
Fugindo das dores.

Uma hora noturna altera
Qualquer rosto vulnerável
Esse meu, então,
Nem se fala
É um palimpsesto maldito
Mil faces numa cara!

Meu caro,
Queria só garantir
De recostar meu sentir
No teu contente
Entende?
É uma questão de
chover mais na frente
O que era previsível.

- Mais explícita?
É simples:
Baldeei uma vida inteira
Exclamei ventos
E abracei portas...
Mas só queria entortar o penso
E me fazer notar
pela peça mais imponente.


Laís Romero
Piaba - Mercado do Mafuá
Alexander Galvao

Intervenção


...as opções me deixam louco (variado)
Com um olhar telespectador de ping-pong
Com um olhar empinador de pipas
Com um olhar camaleão
Mas, se as opções me deixam
Torcicolo fico torto
Com esse olhar televisão
Clik!
Janelas se abrem...
Ao mesmo..,
Tempo...
Confusão de cores...
Na massa ...


Kilito Trindade

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Fanzine: autoria, subjetividade e invenção de si


Artigos e Autores:

1- NA DESORDEM DA PALAVRA: FANZINES E A ESCRITA DE SI
Cellina Rodrigues Muniz
2- DOS ZINES AOS BIOGRAFICZINES: COMPARTILHAR NARRATIVAS DE VIDA E FORMAÇÃO COM IMAGENS, CRIATIVIDADE E AUTORIA
Elydio dos Santos Neto Gazy Andraus
3- SUBJETIVIDADES DE PAPEL
Tiago Régis de Lima Luciana Lobo Miranda
4- A ESCRITA COMO GUERRA: ÉTICA E SUBJETIVAÇÃO
NOS FANZINES PUNK
Everton Moraes
5- RESSONÂNCIAS NO MEIO DO CAMINHO E/OU
NO CAMINHO DO MEIO: A POÉTICA INFAME DOS FANZINES
Demetrios Gomes Galvão
6- ZINES EM FORTALEZA (1996-2009)
Fernanda Meireles
7- DA MARGINALIDADE À SALA DE AULA: O FANZINE
COMO ARTEFATO CULTURAL, EDUCATIVO E PEDAGÓGICO
Ioneide Santos do Nascimento

(...)
“É preciso aprender com os fanzines com uma escritura livre de amarras, com seus projetos gráficos meticulosos e seus experimentalismos existenciais e estéticos, para além do seleto mercado editorial. A vontade de se expressar se faz viva. Autoria, texto, leitor e divulgação se confundem com o ato de publicar, tão potente que por si só já possibilitaria um sinal de alerta aos rituais da Academia. Em cada texto, rabiscos, desenhos e figuras desordenadas, insurgem-se sempre novos sentidos, sempre prontos a traduzirem uma escritura vivificada nas linhas do pequeno impresso que segue uma trajetória nem sempre tão retilínea. De mil e uma formas de coletar os textos, selecionar as imagens e fazer a sua montagem, ganhando o mundo, assim, os fanzines.”

(...)
“Este livro, produção do campo acadêmico, vem agora reconhecer o mérito dessa escritura zinesca e reúne sete textos de nove autores que, em cantos diversos do país, estão pensando a produção e circulação dos fanzines. Trazem a contribuição de áreas diversas para tratar de questões particularmente relacionadas à autoria, à subjetividade e à invenção de si na fanzinagem. Para aficionados ou não, vale a pena desfrutar da experiência de conhecer quantas interpretações esses pequenos pedaços de papel podem suscitar . porque, como diria o poeta, tudo vale a pena se a alma não é pequena. E porque, pensando bem, um livro sobre fanzines também vai bem a qualquer hora, em qualquer momento”

Trechos da apresentação do livro, escrito por José Gerardo Vasconcelos e Cellina Rodriguez Muniz.

O livro custa R$ 15,00 em mãos, em caso de outras cidades adição das despesas postais. Quem quiser adquiri o livro é só entrar em contato:

e-mail demetrios.galvao@yahoo.com.br
tel: (86) 8816-5566

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Chuva Chegando
Alexander Galvão

inverno


enquanto desvios
o olho inclina seu ângulo
em solos de clarineta
lunáticos seios lácteos viajam
traços da boca deformada
em linhas sem pra(n)tos
bem dejunto do veio
líquidos entornam
nus e enigmas
que traduzem memórias
de chuva e de cantos
repletos de alegria


Valadares
Todos os Santos - Cajazeiras do Piauí
Alexander Galvão

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Quando chorava
Tinha a impressão de que todos os poetas se reuniam ao seu redor
Assim velando sua dor e compondo em cima do seu choro.
Tinha essa impressão quando olhava para si
E via a ironia romântica do fim
Que poderia caber em algum verso de Cacaso
Ou quando sentia-se explodir
Não entender
Ou simplesmente uma vontade de destruir...
Sentia que Roberto Piva ria
Ria desesperadamente sentado ao seu lado.
Chegava a crer que sua dor era fonte de poetas mortos
E que, talvez, essa fosse uma boa justificativa pra sua agonia
Justificativa que Fernando Pessoa, em algum pseudônimo em pé ao canto do quarto, conseguiria exprimir essa desnutrição com sabedoria
Desnutrição por que também assim se via quando esvaziava sua força pelos olhos.
As vezes ela até chegava a dar um leve sorriso por pensar que toda a dor,
Carga-motor dos poetas,
Se originava ali,
Quando em reunião aqueles grandes mortos rodeavam de poesia toda a dor do mundo dos seus olhos.


Renata Flávia (colaboradora)
blog: http://lustredecarne.zip.net/
Parafuso
Alexander Galvão
Com coca-cola ou café
Uma Cartela de Léxicotan parte 1


Nuca mais previ palavras novas, embora já tenham saído de linha, ou da linha pros não metafóricos. Elas agora vagam radicais nos prefixos alheios, hackeando bandas largas e blocos de sujos, ou de sujos pros meta-eufóricos...


Fagão
Porta - Povoado Mourões - Colônia do Piauí
Alexander Galvão

A poética de um Piauí de dentro

No mês de setembro embarcaremos em uma excursão imagética por um “Piauí de dentro” através das lentes de Kid Heavy, conhecido por alguns poucos como Alexander Galvão.

Alexander Galvão é um fotógrafo de extrema qualidade, embora tenha na produção de vídeos sua principal atividade. Casado, com 37 anos e dois filhos, é muito ligado à cultura regional e um grande documentarista das manifestações folclóricas e artísticas locais. Sua galeria no Flickr (http://www.flickr.com/search/?w=all&q=alexander+galvao&m=text) é uma rica viagem pelos vários cenários do Piauí e pelo modo de ser de sua gente.
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Além do trabalho com as imagens, Alexander toca na banda Êita Piula. (http://www.myspace.com/eitapiula).
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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Os seres imaginários do bestiário de Borges

Bestiário é um tipo de literatura descritiva do mundo animal, muito comum nos monastérios da baixa Idade Média, e devidamente acompanhados de mensagens moralizadoras. Nesses catálogos manuscritos, os monges reuniam informações sobre animais reais e fantásticos, incluindo seu aspecto, habitat e dieta alimentar. Metaforicamente, podemos imaginar um labirinto de seres extravagantes circunscritos às páginas milenares de seus livros.

Avançando até o século XX, sabe-se que o escritor argentino Jorge Luis Borges chegou a imaginar o Paraíso como sendo uma espécie de biblioteca. E se assim for, o que lhe aguardava em um outro plano não iria destoar de sua vivência mundana, imerso numa profusão de leituras e uma ânsia compulsiva pelos mais distantes caminhos que a imaginação literária e sua tradição pudessem alcançar. Permanecer cego em meio à sua grande paixão, os livros, pareceria ser sua maldição, ou, quem sabe, seu labirinto; afinal, é uma imagem bem mais recorrente na obra de Borges. Além do labirinto, permeiam sua produção as narrativas fantásticas, os elementos míticos, o mergulho no tempo imemorial. Muito justo que o renomado escritor argentino resolvesse acompanhar seu passeio pela tradição de escritos insólitos com a construção de uma curiosa reunião de verbetes intitulada O livro dos seres imaginários, [Tradução de Heloisa Jahn, Companhia das Letras, São Paulo, 2007], mais um volume a completar a indispensável coleção Biblioteca Borges, tendo sua edição no Brasil coordenada por Davi Arrigucci Jr., Heloisa Jahn, Jorge Schwartz e Maria Emília Bender, e que já lançara, dentre outros, as obras-primas Ficções e O Aleph.

Se há quem lamente a imersão visceral da prosa brasileira num realismo constante e cru, e quando escapa dessas amarras caí em foclorismo e regionalismo tacanhos, talvez seja oportuno assimilar as lições desse nobre argentino. Assim, a Biblioteca Borges poderia ser um norte, e O livro dos seres imaginários um bom aperitivo. Editado originalmente em 1957, sob o título Manual de zoologia fantástica, ampliado nas edições de 1967 e 1969, recebendo também seu título definitivo, sob o qual é atualmente publicado. Mais que mítico, o universo dos seres imaginários catalogados por Borges e Margarita Guerrero nos parece lúdico. Com certeza, a composição desse livro foi para o escritor um interessante momento de descontração, mas nem por isso deixou de ser feito com o compromisso estético-literário que lhe é inerente. No prólogo de 1967, Borges afirmara que “como todas as miscelâneas, como os inesgotáveis volumes de Robert Burton, de Fraser ou de Plínio, O livro dos seres imaginários não foi escrito para uma leitura consecutiva. Gostaríamos que os curiosos o frequentassem como quem brinca com as formas cambiantes reveladas por um caleidoscópio.”

É certo que, muitas vezes, o mito é tão importante quanto a realidade, e muitas vezes explicam o ser humano tanto (ou mais) que seus atos mais racionalistas. A história de existência humana também é a história de seus mitos, metáforas e simbolismos, é propriamente o registro da experiência dos homens diante de um vasto mundo que nem seus sentidos nem sua ciência puderam compreender em sua extensão. E a partir dessa margem, o mítico, o fantasioso e o imaginário abrem suas asas de fênix, de grifo, de harpia ou do que quer que seja sobrenatural. E, nesse mitológico voo, Borges sempre nos brinda com sua peculiar abordagem dos paralelismos da invenção humana, como se vê neste trecho: “A idéia de uma casa construída para que as pessoas se percam talvez seja mais estranha que a de um homem com cabeça de touro, mas as duas se reforçam, e a imagem do labirinto combina com a imagem do Minotauro. Fica bem que no centro de uma casa monstruosa exista um habitante monstruoso.” (p. 145)

Na verdade, não importa se existem ou não os diversos seres que desfilam pelos verbetes que Borges e Margarita catalogaram do Alcorão (os djins), da cultura hindu, do folclore americano (o estranho hidebehind, habitante das florestas de Wisconsin e Minnesota, que jamais chegou a ser visto, pois se posiciona sempre atrás das pessoas, fora de seu campo de visão), além, é claro, dos inevitáveis dragões, seja o ocidental ou o chinês, dentre diversos outros mistérios da história cultural da humanidade. As verdades e as certezas estão bem aquém da dúbia vastidão do imaginário de séculos e séculos. Bem adequado para quem declarou “dediquei minha vida inteira à literatura, só posso lhes oferecer minhas dúvidas.” E a dúvida, certamente, é bem mais vasta que a certeza, e traduz bem melhor a frágil realidade dos mortais, talvez o maior de todos os mitos.
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Adriano Lobão Aragão (colaborador)
Ágora da Taba - adrianolobão.blogspot.com
dEsEnrEdoS - uma revista de cultura e literatura http://www.desenredos.com.br/

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

AO no Mercado do Parque Piauí




(05/09/10) Tudo começou com um café na Dona Jesus e de imediato fomos sentindo as vibrações do mercado através das cores, vozes, passos, pessoas por todos os lados. Café tomado e conta paga, começamos a distribuir poesias e a caminhar pelo meio das barracas multicoloridas que se pintavam com o vermelho dos tomates e pimentões, o verde dos alfaces e cheiros-verdes, o roxo das uvas, o amarelo dos melões e maracujás, e pelas diferentes texturas e formas das carnes expostas nos boxes dos magarefes. Os passos se expandiam pelos corredores e galpões, e as poesias ganhavam as mãos e a atenção das pessoas. Vários indivíduos no mercado com propósitos diferentes, uns distribuíam santinhos de políticos, e nós, poesias tarja preta. Entre uma banca e outra uma conversa, uma troca de idéias sobre o por que de estarmos distribuindo poesias e assim conhecemos as comerciantes Do Carmo e Francisca. Umas senhoras perguntaram se o que distribuíamos era de religião e respondemos que não, mas que também servia para “alma”. Outras pessoas encostavam pra pedir uns trocados e entregamos poesias dizendo que elas também alimentavam, serviam para a fome de uma outra natureza. Ao receber uma poesia, uma moça que vendia verduras disse que tinha em casa um cadernos cheio de poesias suas e que queria participar de um grupo como o nosso. Aos poucos uns e outros se aproximavam e pediam pra ser fotografados segurando os panfletos e assim foi com Wesley, Chapolim, um vendedor de uvas e um grupo de crianças. Ao final da manhã, nossas poesias tinham se espalhado por todas as dependências do mercado e ganhado as ruas e casas do bairro, levadas pelas pessoas juntamente com o arroz, a carne e as frutas em suas sacolas de compras.
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Demetrios Galvão
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Academia Onírica presente: Demetrios Galvão + Kilito Trindade + Thiago E
Colaboradoras: Emanuelle Chaves, Maíra Brandt, Renata Blanche
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Dona Jesus

Maíra Brandt + Kilito Trindade + Renata Blanche

Demetrios Galvão + Emanuelle Chaves

Thiago E.

Wesley


Chapolim

Demetrios Galvão + Thiago E + Maíra Brandt +
Dona Francisca + Kilito Trindade + Renata Blanche

Dona do Carmo + Demetrios Galvão + Thiago E +
Dona Francisca + Kilito trindade




# fotos por Demetrios Galvão, Emanuelle Chaves, Thiago E #





sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Aperto


Segurar teu corpo com força, apegado,
liga meus neurônios à alma tua,
o olhar conecta a freqüência certa.

Quando minha mão te aperta a cintura crua,
eu vejo o teu vacilo bucal,
tremendo verbos imperativos,
tramando incertos subjuntivos,
travando momentos decisivos.

É explosão instintiva, aleatória, disritmia,
é reveillon maravilhoso de carnaval boemia.

Quando pressiono teu corpo quente,
sinto-me em sangue, passeando,
pulsando, pecando por ser demasiado,
tentando tenso não ser apressado
e provando deveras a textura tua,
o cheiro molhado da pele nua.

O posterior contemplar é ego puro,
um sorriso interno,
maliciosa carícia,
quês de megalomania,
carinhosa malícia.

Guerras e teorias,
toalhas e olhares.

Da bermuda, o triângulo e os sete mares
alternam bom vento com má maré,
rossonera figa com cruzmaltina fé,
ficção autoral com blues in verso,
Zico Romário de Ronaldo Gerson,
Maradona hermano com Rei Pelé,

Maradona, Hermano, és Rei Pelé?


renato barros - colaborador
(batera e vocal da banda Clínica Tobias Blues)
http://palcomp3.com/ctblues/)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Trimera nº 4

Já está nas bancas a Trimera n° 4!!



Chegamos à última edição da revista.

Agradecemos a todos que ajudaram, que atrapalharam, os que sequer souberam de sua passagem por aqui, os entusiastas, os sonhadores, os críticos, os devedores, os gênios incógnitos, os medíocres notórios, os artistas, os não-artistas e, por fim, os escritores, estes em menor número.

Sirvam-se das postas desta literatura rasgada onde derramamos nosso sangue e com borrifos e filetes tingimos essas últimas páginas.


Bon apetit!


Leia a Trimera on-line.