quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Velho Dragão

José Alcides Pinto, poeta e escritor. Delator de almas. Mestre em metais, alimentador de forjas e sois. Há quem diga que foi ele quem forjou a espada de Carlos Magno e o embornal de Marco Pólo. Costumava escrever repetidamente o mesmo poema. Tinha tiques nervosos quando estava envolto em uma nova idéia, por isso todas as vezes que precisava se isolar, subia no velho tamarineiro e disputava com os pássaros os primeiros raios de sol. Tinha a espinha arqueada e gaguejava quando falava principalmente de mulheres. Era longelíneo. Mãos grandes e penosas, porque quando moço, muito moço ainda, apostou que poderia escrever duas mil e quinhentas cartas de amor, e ao final da empreitada, tendo vencido a aposta, tinha os dedos diluídos entre sereno e lágrimas, de modo que suas mãos cavavam constantemente ribanceiras e cacimbas...
Francisco Denis Melo (colaborador, Sobral-CE)

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