sábado, 26 de março de 2011

Sou um homem de força, afirmo.
E por isso ergo esta casa a partir do solo
Onde ela me cresce desde um lugar baldio
Onde a povôo com o movimento dos corpos
E ela se encorpa como o tronco de uma árvore
Monumento pórtico
Em seu ofício de casa que conquista o teto com renovos e o abobada todo.
Por isso digo: sou um construtor de força.

Ergo-a contra o sol com cinco janelas e um horizonte
Sinto-a em cada ângulo soerguer-se em meus ombros
E é como uma planta sáxea fincada ao chão
Uma planta arquitetada na idéia da projeção

Esta casa me é necessária
Ela deságua líquida na via pública
E irriga as ruas.
Numero-a porque não tem nome
E ela precisa ser diariamente invocada.
Ela espera o chamado do mensageiro às palmas e ele vem.
Sobre os umbrais vem ele para adentrá-la
E deixa uma carta no chão.

Esta casa me resguarda do turbilhão das ruas
E por isso a amo em cada ângulo de sua geometria obtusa.


Ranieri Ribas (colaborador)
do livro ainda inédito AOS RENOVOS DA ERVA

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