sexta-feira, 14 de outubro de 2011

a língua da cidade sonha uma dança delicada

o tempo pousou em suas unhas
com assustadora delicadeza
enquanto as mariposas de prata
atravessaram o atlântico de lágrimas
e a tintura artificial de seus cabelos
teimava inutilmente contra a imagem refletida
no espelho d’água
sussurrando as chagas percorridas
& os uivos famintos da velhice

a beleza pousou em seus lábios
e por cinco segundos
senti amor entre nós
mas o cadáver cruzou a Azul avenida
e os meus dentes voltaram-se novamente
contra a carne macia do cordeiro

a madrugada passou como uma dama louca
e minhas córneas vomitaram sobre a linha de passe
enquanto a chuva descansava
e a assustadora beleza do tempo
insistia em te devorar

 
Nuno Gonçalves (colaborador – Fortaleza-CE)
http://americalatindo.blogspot.com/

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